Neste final de semana (28 e 29 de julho), a Casa de Cultura Digital sediou o Brasil@Home, um hackfest para construir e colaborar com iniciativas de ciberciência cidadã. Foram dois dias para debater, desenhar e desenvolver projetos baseados em ciência, sustentabilidade, dados e tecnologias abertas.
Esta edição foi organizada pela Open Knowledge Foundation junto com o Citizen Cyberscience Centre, um centro baseado na parceria internacional entre diversas instituições, como a Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (CERN), o Instituto das Nações Unidas para Treinamento e Pesquisa (UNITAR) e a Universidade de Genebra.
O desafio do Centro é envolver cientistas dos países em desenvolvimento em projetos de ciberciencia cidadã. Estiveram presentes no evento Francois Grey, professor da Tsinghua University, em Benjing, e Daniel Lombraña Gonzales, engenheiro do Citizen Ciberscience Centre. Para eles, a ciência cidadã pode ajudar no desenvolvimento sustentável não apenas localmente, mas também globalmente, uma vez que a rede possibilita a colaboração independentemente do local onde a pessoa se encontra. Um exemplo desse tipo de projeto é o Forest Watchers, uma plataforma de código aberto que permite a participação de voluntários/as do mundo inteiro na construção de mapas precisos de desflorestamento baseados em imagens de satélite.
Durante o sábado (28), os participantes puderam entrar em contato com conceito de ciberciência cidadã, conhecer iniciativas já existentes, tirar dúvidas e propor ideias para novos projetos. Domingo foi dia de se dividir em grupos de trabalho e colocar a mão na massa!
Alguns dos participantes dedicaram o dia a testes de usabilidade do Pybossa e do Forest Watchers, além de trabalharem em vídeos explicativos sobre o Forestwatchers, que podem ser conferidos no canal: http://www.youtube.com/user/ForestWatchersVids
Dois outros projetos foram desenvolvidos durante a hackfest: o Germina Sampa e o Imóveis abandonados de São Paulo.
Germina Sampa
Dados disponibilizados pela Secretaria Municipal de Coordenação das Subprefeituras de São Paulo, mostram as ordens de serviço de plantio e corte de grama na cidade. A partir dessas informações, foi possível criar um mapa das áreas verdes de São Paulo.
O Germina Sampa já está no ar e é um aplicativo que combina o mapeamento das áreas gramadas de São Paulo e a proposta de fazer uso desses locais para agricultura urbana. A ideia é simples e de baixo custo: bombardear sampa com germinobombas – bolas de adubo, argila e sementes, que podem ser lançadas em áreas verdes, terrenos baldios, vasos e canteiros abandonados, canteiros centrais das ruas, praças abandonadas, ao lado de muros…
Imóveis Abandonados de São Paulo
O Imóveis Abandonados é um projeto para catalogar, de maneira colaborativa, os imóveis abandonados da cidade de São Paulo, que em grande parte não cumprem sua função social.
O ponto de partida foi uma lista de imóveis abandonados do centro de São Paulo, elaborada em 2009 pela Fundação para Pesquisa Ambiental (Fupam, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo/ FAU da USP). A Fupam fez o levantamento para a Cohab e seu objetivo foi localizar prédios que podiam ser transformados em habitação para pessoas de baixa renda. A lista que resultou do trabalho de levantamento tem 99 edifícios, dos quais 66 foram selecionados para compor o que seria um programa de moradia no Centro, a ser realizado pela prefeitura. Informações dos movimentos de moradia dão conta de que apenas três daqueles prédios foram desapropriados.
O que aconteceu, entre 2009 e 2012, com os imóveis restantes? Foi esta pergunta que deu origem ao Imóveis Abandonados.
Durante o hackday, os integrantes do projeto encontraram também uma lista de 1053 prédios que a prefeitura de SP publicou setembro de 2011. São imóveis que, na avaliação da prefeitura, não cumprem sua função social. A publicação da lista foi uma chamada pública para que os donos dos prédios regularizassem sua situação – provando que os imóveis não estão abandonados. Os que não conseguissem fazer isso começariam a pagar IPTU Progressivo. A prefeitura nunca publicou o resultado da chamada.
Foi feito um pedido de acesso à informação à prefeitura de SP, para saber o que aconteceu com esses prédios. Quando o site estiver pronto, as pessoas poderão colaborar de duas formas: a primeira é encontrar e marcar um imóvel no mapa; a segunda é preencher ou atualizar informações dos edifícios.
*O hackfest contou com a participantes de diversas formações, como desenvolvedor@s, jornalistas, ambientalistas e cientistas que se inscreveram na lista de e-mails do OKFn Brasil para continuar em contato e dar andamento aos projetos.