Marcelo Fontoura acaba de se tornar mestre em Comunicação Social pela PUC do Rio Grande do Sul com a dissertação “Hackers e Participação – Uma análise de aplicativos de dados públicos do Brasil e seus criadores”. Em conversa sobre o processo de desenvolvimento da pesquisa, ele nos explicou que vinha acompanhando competições nacionais e internacionais de aplicativos de dados públicos desde que percebeu a proximidade entre visualização de dados e jornalismo.
Sua pesquisa é focada em três competições: a Maratona Hacker da Câmara Municipal de São Paulo (2012, promovida por parceria entre a CMSP e a Open Knowledge Brasil), a 8ª (2011) e a 9ª (2012) edição do Prêmio Mário Covas (categoria “Governo Aberto”) e o Desafio Rio Apps (2013).
Marcelo entrevistou um membro da equipe de 7 aplicativos diferentes que obtiveram destaque nestes concursos. Um deles foi Everton Zanella Alvarenga (Tom), diretor executivo da Open Knowledge Brasil e um dos idealizadores da ferramenta para pedido de informação Queremos Saber, vencedor da 9ª edição do Prêmio Mario Covas.
As entrevistas foram usadas, sobretudo, para entender as motivações de cada participante. A partir delas, os perfis dos criadores de aplicativos foram dividios em quatro grupos não limitantes ou exclusivos: empreendedores, especialistas, ativistas e matemáticos.
Baseado em textos de Axel Burns, Clemencia Rodriguez e Jan Schaffer, Marcelo desenvolveu alguns critérios para avaliar se estes aplicativos se encaixariam no conceito de mídia cidadã. Como resultado, notou também proximidades, mas muitas importantes distinções entre ambos.
Quem se interessar pelas conclusões deve ler a seção “Discutindo um fenômeno complexo” (a partir da página 132). Nela, o autor discute questões socioeconômicas, limites das hackathons e a centralidade do papel de governos na divulgação de dados públicos.
A Open Knowledge Brasil reconhece a importância de estudos acadêmicos que reflitam sobre práticas com dados abertos e, portanto, parabeniza Marcelo Fontoura pela análise.