Temos aqui uma breve análise crítica de sistemas livres para georreferenciar informação. Uma tabela comparativa e a crítica completa estão publicadas na wiki do Educação Aberta, onde todos estão convidados a fazer edições e contribuições. Este material foi produzido por Gabriel Fedel com apoio da equipe do MIRA.org.br, projeto de mapeamento de Recursos Educacionais Abertos (REA) na América Latina, coordenado por Tel Amiel e apoiado pela Hewlett Foundation.
Ferramentas Analisadas
Wordress + JEO
O JEO é um template para WordPress e sua instalação é fácil e rápida, como a de qualquer outro template. Possui grande facilidade para deploy e para modificar a interface, seja por meio de temas ou da edição de arquivos css e php. Também por essa razão, é possível usar os plugins do WordPress para aumentar suas funcionalidades. Um exemplo disso é o WordPress-Plugin-Core, que permite adicionar informações no padrão Dublin Core. Outro é o The Events Calendar, feito para geerenciar eventos.
Seu principal ponto negativo é o fato do WordPress ser desenvolvido para blogs. Isso faz com que os dados sejam armazenados e organizados de modo que o sistema depende da estrutura do banco de dados e da estrutura de páginas do WordPress. Contudo, a ferramenta pode gerar sistemas sofisticados, como BHÁsia e Arte Fora do Museu.
Para projetos com poucos recursos que buscam uma solução funcional rápida, é muito aconselhável. Mas se muita customização for necessária, pode ser inviável permanecer na estrutura do WordPress.
Mootiro
O Mootiro foi desenvolvido para ser um portal. Ele permite mapear facilmente comunidades e organizações, seus recursos, suas necessidades e as relações entre elas. Usá-lo é bem simples e visual: com a ferramenta instalada, com poucos cliques se inserem informações georreferenciadas. Seu destaque são as funcionalidades para redes sociais, como comentários, compartilhamento, etc.
No entanto, o material de referência para sua instalação é incompleto (sua análise só foi possível pelo uso do portal). O GitHub, repositório de seu código-fonte, já não recebe atualizações há alguns meses.
O Mootiro tem um escopo definido, mas não é aconselhado para usos mais específicos fora dele. Por exemplo o Mapa da Cachaça, que agrega informações de alambiques e tipos de cachaças, dificilmente teria suas informações organizadas neste ambiente. Por não existirem outras instâncias, não é possível analisar seu desempenho em outros contextos.
Ushahidi 2.7.2
O Ushahidi 2.7.2 foi pensado para mapeamentos com crowndsourcing e dispõe de vários mecanismos de inserção colaborativa de dados. De todos os mapas estudados, o Ushahidi é o que tem melhor plataforma para gestão de dados vindos de vários usuários, por vários meios, até mesmo via SMS.
Como ponto negativo, se comparado com o Mapas Culturais, sua interface para o usuário deixa a desejar. Outro ponto negativo é a versão 3.0 ainda estar em versão Alpha e, portanto, não estar totalmente usável. A ferramenta já foi utilizada em mapas de atividade aeróbicas à mapas de transparência. Dispõe de recursos de filtragem temporal e possui uma gama interessante de plugins.
Mapas Culturais
Mapas Culturais é um sistema recente. todo desenvolvido em PHP. Seu foco é mapear cultura: espaços, agentes, eventos e projetos. É muito bem desenhada e tem por trás a equipe do HackLab, experiente em mapeamento, em WordPress e em PHP. Sua única instância online é o SP Cultura, feita para mapear o que existe de cultura em São Paulo.
Executa bem seu papel de mapeamento na área cultural, contudo é necessário desenvolvimento futuro e customização para que seja utilizada em outros cenários. Não possui nenhuma documentação atualmente, o que dificulta sua instalação. Por ser recente, está sendo intensamente desenvolvido.
Omeka + Neatline
Assim como o WordPress + JEO, temos aqui uma plataforma de gestão de dados (Omeka) junto a um plugin de georreferenciamento (Neatline). Mas as semelhanças terminam aí! O Omeka é uma ferramenta para biblioteca digital e, portanto, tem um forte arcabouço em organização e gestão de dados. Trabalha nativamente com o padrão Dublin Core (dentre outros), e possui diversas funcionalidades nativas para importação e exportação de dados em formatos padrão.
Somado ao plugin Neatline ganha funcionalidades de refereciamento geográfico e temporal de grande qualidade. Possui uma equipe de desenvolvimento bastante ativa e disposta a solucionar problemas, mas não tantos plug-ins como o WordPress, o que é um dos seus pontos fracos. Isso gera a necessidade de desenvolvimento para usos mais específicos. Também possui uma boa documentação, e interface em português, o que facilita seu uso e aprimoramento. Um exemplo de uso é o Mapa da Cultura de Campinas.
CKAN
Assim como o Omeka, o CKAN é uma ferramenta muito robusta para gestão de dados. Visto que foi desenvolvido pela Open Knowledge, foi feito para disponibilizar dados abertos. Um de seus diferenciais é possuir suporte pago e serviço de software as a service, que o torna interessante para projetos que não dispõem de muitos técnicos. Não possui muitos recursos para manipular os dados via linha de comando e utilizando python, como por exemplo para importar dados. Em um cenário sem suporte, a ferramenta aparentemente visa ter administradores que sejam desenvolvedores.
Um dos pontos negativos da ferramenta é que para desenvolver um sistema específico é necessário muita configuração de baixo nível. Um exemplo disto é a dificuldade para se instalar e habilitar plugins. Pelo uso que realizamos, percebemos que o seu georreferenciamento é feito por arquivos GeoJSON, que estão associados à um conjunto de dados, um formato bem diferente das outras ferramentas.
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Reforçamos o convite: acesse (e edite) a tabela comparativa e a crítica completa que deram origem a este post, publicadas na wiki do Educação Aberta.
(Imagens: Pushpins in a map over France and Italy e Straight scale, compasses and map {3})