Neste ano, o Open Data Day (Dia de Dados Abertos), celebrado no dia 3 de março, contou com 406 eventos registrados (segundo o mapa oficial do ODD). Para nós, da OKBR, essa iniciativa representa muito: é uma oportunidade verdadeira e prática para que pessoas do mundo inteiro possam ensinar e aprender sobre dados abertos. Significa fazer com que elas se empoderem e saibam mais que é possível tornar a sociedade mais transparente. Isso impulsiona a gente, o nosso trabalho.
Na edição do #OpenDataDay que rolou no #RaulHackerClub, em Salvador, dei uma oficina de raspagem de dados com base no material do @fmasanori. À tarde o Luciano Ataíde apresentou o Índice de Dados Abertos de Salvador, organizado pela @okfnbr. Que venham as próximas edições! pic.twitter.com/GMFya2nqUx
— Edely Gomes (@Edelyla) March 3, 2018
Marina Barros (pesquisadora do CTS-FGV) fala sobre os oito princípios dos dados abertos e todo o ecossistema que envolve os dados abertos #OpenDataDay #OpenDataDayRJ #dadosabertos pic.twitter.com/7Pyv4Nk8QX
— Clave de Fá (@clavedefa_co) March 3, 2018
Happy #OpenDataDay na Casa do Pátio Digital – comemorando com o meetup da Comunidade @WPsampa pic.twitter.com/6pxXxQSZSo
— Fernanda Campagnucci (@fecampa) March 3, 2018
No Brasil, o dia contou com eventos em 9 cidades. Pra você ter o gostinho de como foi, Thiago Ávila, especialista em Transparência e Governo Aberto e orientador da equipe organizadora, conta um pouco sobre o ODD em Maceió (AL); e Marlise Brenol, professora da UFRGS e uma das organizadoras do evento, e Irio Musskopf, da equipe do Programa Ciência de Dados para Inovação Cívica da OKBR e fundador da Operação Serenata de Amor, dividem relatos sobre a edição em Porto Alegre (RS) do evento.
EM MACEIÓ (AL)
O Open Data Day Maceió, ao contrário dos demais eventos, começou no dia 2 de março, seguindo até o dia 3. Representantes da academia, governo e setor privado interagiram em discussões sobre o uso de dados abertos para negócios e melhoria do cotidiano das pessoas.
Thiago Ávila, especialista em Transparência e Governo Aberto, abriu o evento explicando o que são os dados abertos. Na palestra, ele apresentou conceitos e diversas bases de dados abertas disponíveis no Brasil e no mundo.
Na sequência, as Secretarias de Planejamento e de Fazenda de Alagoas apresentaram suas bases de dados abertas. A SEFAZ disponibiliza APIs sobre os preços dos produtos comercializados nos estabelecimentos comerciais de Alagoas, dados sobre situação do contribuinte, dentre outros dados disponíveis no site (sefazal.github.io). Já a SEPLAG, além de coordenar o Portal Estadual de Dados Abertos em Alagoas (www.dados.al.gov.br), abriu os dados do Guia de Serviços do Governo de Alagoas (www.servicos.al.gov.br), plataforma que cataloga os serviços governamentais.
O encontro contou com palestras que preparam os participantes para um Hackathon – maratona de desenvolvimento de soluções baseados em dados abertos. Teve palestra sobre ferramentas de consumo de dados abertos, como as Qlikview, Qliksense e Pentaho. E a oficina de Modelo de Negócio com Canvas e de Raspagem de Dados, com a ferramenta Webscrapy.
A equipe TurAdvise, formada por professores e alunos do Instituto Federal de Alagoas, venceu o hackathon. A aplicação tem como objetivo, a partir da base de dados abertos de atrativos turísticos de Alagoas, associar aos estabelecimentos que ofertam produtos e serviços nestes equipamentos, proporcionando um conhecimento especializado da oferta turística em Alagoas bem como incentivando os comerciantes a melhorarem os dados que informam a Secretaria da Fazenda – tais dados serão usados para melhorar a sua visibilidade no aplicativo.
EM PORTO ALEGRE (RS)
Em Porto Alegre, o ODD contou com troca de conhecimentos sobre transparência pública como ferramenta para a democracia. O encontro aconteceu na sede da Unisinos e teve a participação de 65 pessoas interessadas na publicidade dos dados governamentais em ano eleitoral.
Têmis Limberger, professora da Unisinos e procuradora do Ministério Público Estadual, foi a primeira a se apresentar. Ela deu uma aula sobre a Lei de Acesso à Informação e avaliação de transparência governamental: “O que é a Lei de Acesso à Informação (LAI) e como ela se compara com o resto do mundo? Criação de rankings globais de transparência. Por que normalmente vemos países nórdicos no topo de qualquer ranking? Suécia, por exemplo, teve a sua própria LAI criada em 1266. Não é à toa que a Operação Serenata de Amor foi nomeada a partir de um caso de corrupção sueco.”
“A compreensão da lei ajuda a cobrar e fiscalizar a adaptação dos órgãos públicos aos preceitos exigidos pela norma como publicação de um site interativo, disponibilidade de serviço de atendimento ao cidadão e fornecimento dos dados em formatos legíveis por máquinas”, diz Marlise Brenol, professora da UFRGS e uma das organizadoras do evento. Para falar sobre esse tema, o evento contou com a participação da Liliana Barcellos, subchefe de Ética da Casa Civil, e Francine Ledur, auditora pública externa do TCE-RS.
O governo do Rio Grande do Sul lançou recentemente o seu próprio site de dados abertos e reuniu coleções de dados de pesquisas realizadas pela Fundação de Economia e Estatística e outras do portal de transparência do Estado. Francine mostrou o estudo do TCE-RS que avalia a adaptação dos 497 municípios gaúchos à lei e o papel educador e orientador que o tribunal de contas desempenha para garantir a inclusão dos dados por prefeituras.
Em 2012, metade das Câmaras municipais não tinha site. Com uma metodologia que classifica cada Câmara em 80 critérios, a força-tarefa para avaliar os municípios vem alcançando melhorias a cada ano. Um auditor avalia o mesmo critério em todos os municípios para garantir que saberá como comparar entre um e outro.
Francine fez dois pedidos à comunidade:
– Fazer um fork do Plone para prefeituras, isto é, clonar a ferramenta para que cada uma delas possa utilizá-la de seu modo. O TCE-RS pode ajudar definindo o que é necessário em cada site;
– Automatizar avaliação. Da mesma forma que temos sites para avaliar em diversos critérios a acessibilidade de um site e mostrar como as deficiências podem ser corrigidas, a ideia é criar isso para sites de Câmaras municipais.
O uso de dados abertos no jornalismo também foi discutido. Em mesa mediada por Luciana Mielniczuk*, professora de jornalismo da UFRGS, os jornalistas Juliana Bublitz, do jornal Zero Hora, Livia Araújo, do Jornal do Comércio, e Francisco Amorin, da UFRGS e UniRitter, relataram suas experiências com o uso de dados abertos e portais de transparência na elaboração de notícias.
Para acompanhar mais anotações do evento em Porto Alegre, confira o texto do Irio Musskopf.
E QUE VENHA ODD 2019
A Open Knowledge Brasil espera que no próximo ano, cada vez mais pessoas possam participar do Open Data Day, tornando a discussão sobre dados abertos ainda mais eficiente no país!
*Luciana Mielniczuk faleceu no início desta semana. Nossos sentimentos a seus familiares, amigos e alunos.