Veja detalhes, aprendizados e depoimentos de participantes e organizadoras dos 6 eventos do Dia dos Dados Abertos no Brasil apoiados pela OKBR em 2025
Aprender mais sobre dados abertos, colocar a mão na massa, trocar experiências com pessoas de diferentes setores e articular novas redes e eventos que discutam e incentivem o uso de dados abertos. Esses foram alguns dos pontos altos que as pessoas participantes e organizadoras de eventos em comemoração ao Dia dos Dados Abertos no Brasil destacaram sobre esses acontecimentos.
Pelo terceiro ano consecutivo, a Open Knowledge Brasil (OKBR) apoiou financeiramente esses eventos de ODD (ou Open Data Day, em inglês), que ocorreram ao longo de março. Em 2025, o ODD no Brasil também contou com o patrocínio da Vena Consultoria, da ASK-AR e do Jusbrasil.
Ao todo, estamos falando de seis eventos realizados em quatro regiões brasileiras (Norte, Nordeste, Sudeste e Sul), somando mais de 330 pessoas participantes dessas celebrações em prol da abertura e do uso de dados governamentais em diferentes esferas da sociedade.
O ODD é uma iniciativa da comunidade mundial de dados abertos para celebrar, promover e fomentar debates sobre a abertura e o uso de dados governamentais em diferentes esferas da sociedade. Isso é feito a partir da colaboração de comunidades locais, que organizam eventos no mesmo período, em várias cidades no mundo todo, que abordam desafios sociais e promovem a utilização de dados abertos como ferramenta de transformação. Mundialmente, ela é coordenada pela Open Knowledge Foundation (OKF).
Participantes do Open Data Day São Paulo, que ocorreu no Insper, em 29/03/2025
Clique nos títulos abaixo para ler sobre cada um dos eventos:
• Maceió (AL)
Quando: 27 de março de 2025
Onde: LabHacker Alagoas – Rua Pedro Paulino, 179 – Poço
Organizadores: LabHacker – Laboratório Brasileiro de Cultura Digital
O evento na capital alagoana reuniu 27 pessoas de diferentes idades, saberes e instituições para discutir a questão da transparência e do processamento de dados em níveis estadual e municipal. Assim, estiveram presentes profissionais do setor privado; pessoas pesquisadoras, docentes e estudantes da Universidade Federal de Alagoas; representantes da Secretaria de Planejamento, Gestão e Patrimônio (Seplag); da imprensa; do poder judiciário, entre outras.
A programação teve mesa de debate e demonstrações práticas, com atividades mão na massa sobre a viabilidade do que estava sendo discutido — como o uso de sites e técnicas de raspagem de dados.
Segundo a organização do evento, ainda que haja muitas pessoas pesquisando e trabalhando na área, falta uma interlocução mais organizada e constante por parte da sociedade civil para ativar pessoas pesquisadoras, promotoras de justiça, cientistas de dados, jornalistas e demais interessadas.
“Ao longo do dia, tive a oportunidade de conhecer projetos inovadores, metodologias de análise de dados públicos e estratégias jurídicas que fortalecem o controle social e a transparência governamental. Para quem, como eu, atua em uma instituição de educação federal — no meu caso, o Instituto Federal de Alagoas (IFAL) —, o ODD 2025 serviu como espaço formativo e de troca de experiências que ampliaram minha capacidade de ação e reflexão”, disse Alexandre Fleming, professor do IFAL.
Isabelle Schimuneck, estagiária de biblioteconomia de dados no LabHacker, curadora e palestrante do ODD Maceió, disse que:
“O Open Data Day Alagoas 2025 foi sobre, principalmente, reunir e mobilizar uma série de atores isolados para trabalhar em uma agenda coletiva de dados abertos e transparência. Estar na organização desse marco, em uma cidade como Maceió — com baixos índices de transparência —, foi libertador. Testemunhar a participação ativa de diversos setores da sociedade maceioense e a ânsia em debater e aprender mais sobre dados e transparência me fez perceber o quanto Maceió precisa e demanda por iniciativas voltadas a percepções políticas e sociais sobre as tecnologias”.
Segundo Evelyn Gomes, diretora do LabHacker, que organizou o evento:
“O ODD marcou o início de uma rearticulação do território em torno da pauta da transparência de dados e da participação da sociedade civil organizada. A partir dele, assumimos o compromisso de seguir articulando essa rede, pensar um planejamento, entender por onde ela pode se expandir. A proposta é que esse ponto de partida seja pelo Lab, mas com o desejo firme de construir uma rede aberta, difusa, divertida e pulsante”, relatou.
• Natal (RN)
Quando: 22 de março de 2025
Onde: Campus Natal-Central – IFRN
Organizadores: Dados Livres e PyData Natal
Após quatro anos desde o último Open Data Day em Natal, o evento voltou à capital potiguar reunindo uma comunidade engajada e interessada em dados abertos, sendo a maioria das 61 pessoas participantes da área de tecnologia.
Foram realizadas quatro palestras, que versaram sobre assuntos mistos, como tecnologia, ciência, bioinformática e questões jurídicas.
A primeira palestra tratou de alguns formatos de dados, suas qualificações e lugares para encontrar dados abertos. A segunda e a terceira palestra trouxeram áreas do conhecimento em que é possível integrar os dados abertos, a ciência e a bioinformática — áreas que chamaram atenção das pessoas participantes. A quarta, que falou sobre dados abertos e cidadania no âmbito digital e civil, foi a que teve mais participação do público presente. Foram muitas as dúvidas em relação aos dados abertos como direito civil, leis de acesso e órgãos regulatórios.
Ademais, foi incentivado que outras pessoas tomem a iniciativa de organizar os próximos ODD em Natal, e sugerido inclusive o envolvimento de parlamentares em edições futuras.
Para Marcel Ribeiro, um dos palestrantes:
“Não é surpresa que os eventos presenciais tenham sofrido uma baixa desde a pandemia. Tornou-se muito mais difícil reunir pessoas presencialmente em um evento local, em um final de semana, para assistir palestras. É por isso que Carolina Soares e equipe estão de parabéns! O evento foi um sucesso, com uma grade de palestras de tirar o chapéu e uma audiência super participativa! Fico contente de ver eventos como o ODD tendo esse resultado aqui em Natal, assim como honrado em ter participado de mais uma edição compartilhando um pouco do que tenho trabalhado. Que tenhamos mais ODDs e mais eventos parecidos!”.
• Belém (PA)
Quando: 28 de março de 2025
Onde: Campus Belém – IFPA
Organizadores: Osgeo Brasil e Setor de Empreendimento DEX/Belém/IFPA e cursos de Licenciatura em Geografia e TADS do Instituto Federal do Pará (IFPA)
O ponto alto do “ODD Belém 2025: Dados Abertos para a COP30” foi a palestra sobre como empreender com dados abertos no ano da COP 30, na cidade que recebe esta edição da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. Ela foi ministrada por Marcelo Sá, da Junior Achievement Pará, pela manhã e alcançou o maior público do ODD Belém.
À tarde, outro destaque foi a palestra sobre dados abertos geoespaciais, com Luis Sadeck, pesquisador do INPE. “Foi a primeira vez que participei do evento. Gostei muito da inserção de palestras sobre geodados e da mapatona do OpenStreetMap (OSM), que ajudou a promover a criação de dados abertos para a cidade da COP 30. Com certeza vou continuar mapeando”, diz a participante Jessica Saldanha.
A partir dessas atividades, foram organizados desdobramentos, como uma tratativa de um novo evento de criação de pitch e primeiros passos para empreender, e a possibilidade de uma oficina no INPE Belém para estender a atividade. O ODD Belém ainda teve oficinas e mesa-redonda. Ao todo, 107 pessoas compareceram ao evento.
• Salvador (BA)
Quando: 29 de março de 2025
Onde: Anatel – R. Alceu Amoroso Lima, 822 – Pituba
Organizadores: Raul Hacker Club, Pyladies Salvador, Donas Security e Laboratório de Humanidades Digitais da UFBA
O evento, que teve 30 participantes, começou com a palestra “O que são dados abertos e porque precisamos democratizar essa conversa?”, ministrada por Rebeca Almeida, gestora de comunidade de Inovação Cívica da Open Knowledge Brasil (OKBR). Ela apresentou o Índice de Dados Abertos para Cidades (ODI Cidades 2023) e o projeto Querido Diário, além de destacar a importância dos dados abertos para o engajamento social, a transparência e o jornalismo de dados.
Outro momento importante foi a palestra sobre anonimização de dados, na qual o palestrante Israel Carneiro, analista de Business Intelligence no Portal Telemedicina, apresentou o conceito e as técnicas de anonimização, trazendo para o debate questões de segurança, LGPD etc. A última palestra do dia foi sobre como acessar bases de dados abertos da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
Durante a tarde foram, realizadas duas oficinas: a primeira sobre “Introdução à análise de dados textuais com o Querido Diário” e a outra um “bate-papo sobre phishing: explorando dados abertos sobre casos de phishing”.
Os feedbacks sobre o evento foram muito positivos. As pessoas que participaram se sentiram confortáveis para fazer comentários e perguntas. Para a participante Mayara Rodrigues, “foi um evento bastante interessante que me fez aprender sobre conceitos de dados abertos que não conhecia. Além disso, também me apresentou ao trabalho da Open Knowledge Brasil, que tem iniciativas importantes para a promoção do acesso a dados, como o Querido Diário”.
“O ODD 2025 Salvador foi muito bom! Senti que aprendi bastante sobre a importância de termos dados abertos para melhorar nossa vida em sociedade. O ponto forte pra mim foram as trocas durante todo o dia com palestrantes e outros participantes do evento. Fiquei contente por ter participado este ano e espero o retorno para aprofundar ainda mais”, disse Tiago Bugarin, um dos organizadores.
Vale destacar que, no período pré-evento, foi divulgada uma série de textos sobre conceitos relevantes para o público do evento, como dados abertos, anonimização de dados, governo aberto e controle social.
O encerramento ficou por conta de um Cerveja com Dados, evento que aconteceu no Bar The After, com quiz sobre dados abertos e apresentação de palestras relâmpago.
• São Paulo (SP)
Quando: 29 de março de 2025
Onde: Insper – Rua Quatá, 200, Vila Olímpia
Organizadores: PyLadies SP
O evento na capital paulista teve palestras de temas diversos, entre eles:
- Processamento de dados abertos e aplicação no varejo na cloud;
- Como acessar dados geoespaciais do Brasil com geobr;
- Contribuindo para prompts responsáveis no projeto Responsible Prompting;
- Violência de gênero em números: reflexões a partir dos dados do DataSUS;
- O uso de dados georreferenciados para a tomada de decisões estratégicas;
- Minha selfie é dado aberto? Uma análise sobre bases públicas de faces e biometria facial.
As palestras que mais tiveram sucesso foram sobre Responsible Prompting, dados geoespaciais e dados abertos de biometria. No geral, elas trouxeram muita informação nova tanto para quem não tinha muito conhecimento sobre dados abertos quanto para quem tinha.
Segundo a organização, “o ambiente foi alegre e acolhedor, e sentimos que as participantes saíram motivadas a engajar mais na comunidade e também conscientes da importância de projetos sobre dados abertos”. Além disso, muitas das palestras trouxeram uma parte importante do como contribuir, compartilhando repositórios de projetos – o que ajudou a tangibilizar melhor possíveis contribuições para quem se interessar.
O evento teve 26 participantes e contou com a participação de Haydée Svab, diretora-executiva da OKBR.
Confira a programação completa
• Florianópolis (SC)
Quando: 27 de março de 2025
Onde: IFSC Câmpus Florianópolis
Organizadores: Alexandre Stuepp Cavalcanti e Julita Ferraz
Em Floripa, o envolvimento dos estudantes presentes na palestra e no workshop foi o ponto alto do evento ODD, que teve como tema “Geração cidadã de dados e mudanças climáticas: criando pontes entre poder público, academia e comunidade por uma cidade mais resiliente”. Foram, ao todo, 87 pessoas participantes.
O painel de abertura abordou como a produção e disseminação de informações podem contribuir para prevenir, mitigar e responder a desastres ambientais, unindo esforços entre sociedade, academia e poder público. O workshop prático teve como objetivo capacitar as pessoas participantes na criação e no uso de informações para mitigar os impactos das mudanças climáticas e prevenir futuros desastres.
“Esse evento reforçou o quanto é necessário criar pontes entre setores e fomentar a produção cidadã de dados para gerar impacto real em nossas comunidades. Saio desse encontro ainda mais motivada a seguir contribuindo para iniciativas que promovam transparência, engajamento e justiça climática. Muito obrigada a todas e todos que fizeram parte desse momento”, disse Julita Ferraz, uma das organizadoras do evento.
Já Alexandre Cavalcanti, outro organizador do evento, destacou o papel dos estudantes:
“Promover e realizar o ODD 2025 em Florianópolis foi uma experiência satisfatória que atingiu seus objetivos e abriu novas oportunidades para o controle social através dos dados abertos, o que auxilia os órgãos de controle e empodera a sociedade. Além disso, a participação dos alunos do IFSC foi fundamental para demonstrar que eles têm importância neste processo de resiliência climática e tratamento dos dados com tecnologia”.
