Muito tem se falado sobre a velocidade nas ruas da cidade de São Paulo. Mas o que é melhor para os habitantes? Nós, da Open Knowledge Brasil, somos, antes de mais nada, a favor da vida e, por isso, somos contra o aumento da velocidade nas vias. Estamos acompanhando os ânimos exaltados quando esse assunto aparece, principalmente na mídia e nas mídias sociais, mas a nossa opinião está embasada nos dados de estudos realizados e também na análise da implementação de políticas públicas nas principais cidades do mundo,uma tendência internacional. Está comprovado que a redução das mortes no trânsito está atrelada às políticas de redução da velocidade e ao aumento da fiscalização.
Desde julho de 2015, as velocidades máximas permitidas nas vias de São Paulo caíram de 70 km/h para 60 km/h na pista central da Marginal Tietê e de 70 km/h para 50 km/h nas pistas locais e de 90 km/h para 70 km/h nas pistas expressas. De acordo com o balanço divulgado pela Prefeitura de São Paulo, o número de acidentes sem vítimas caiu 20% (de 272 para 217) e o de acidentes com mortos ou feridos caiu 29% (de 110 para 78).
O limite de 50 km/h nas cidades já é obrigatório em mais de cem países do mundo. A Década de Segurança no Trânsito, decretada pela Organização das Nações Unidas (ONU), prevê também esse limite para a redução de mortes no trânsito. O Brasil foi reprovado nesse quesito. Grandes metrópoles, como Nova York, estão realizando a campanha Vision Zero para zerar as mortes no trânsito e a redução de velocidade é o ponto de partida da campanha. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, há uma queda de 2% no número de acidentes a cada 1 km/h reduzido na velocidade média.
Dados do estudo “Impactos da Redução dos Limites de Velocidade em Áreas Urbanas”, desenvolvido pelo WRI Brasil Cidades Sustentáveis, respaldam a decisão da prefeitura de São Paulo. A publicação expõe que uma redução de 5% na velocidade média dos veículos pode resultar em 30% menos acidentes fatais. Velocidades mais baixas aumentam a possibilidade de condutores, pedestres e ciclistas verem uns aos outros e reagirem, evitando acidentes e reduzindo assim o número de mortos e feridos no trânsito. Em São Paulo, a redução dos limites de velocidade veio acompanhada pela implantação de Áreas 40. Depois da adoção do novo limite, vias do centro da capital registraram 71% menos óbitos por colisões e atropelamentos.
De acordo com o relatório “Acidentes de trânsito fatais em São Paulo”, da CET, o número total de mortes passou de 1.249 em 2014 para 992 em 2015, o que representa uma redução de 20%. Para a Ciclocidade e a Cidadeapé, essa redução é reflexo direto da redução de velocidade nas marginais e do investimento em ciclovias. Mais uma visão de especialistas na área que destacam o que estamos defendendo, que é a vida.
Um estudo, do Insurance Institute for Highway Safety, órgão norte-americano de segurança no trânsito, mostra que, nos últimos 20 anos, os aumentos da velocidade nos Estados Unidos causaram, pelo menos, 33 mil mortes no país. A pesquisa afirma que, para cada alta de 8 km/h nos limites de velocidade houve crescimento de 4% no número de óbitos.
Nos últimos dias, o portal Catraca Livre fez uma campanha apartidária para alertar os riscos de aumentar a velocidade nas ruas de São Paulo. Ela conta com a opinião de diversos especialistas que alertam sobre o assunto. Entre eles, Paulo Saldiva, patologista da USP e ex-pesquisador da Escola de Saúde Pública de Harvard.
Esperamos que todos os candidatos considerem esses dados e assumam um posicionamento e compromissos concretos a favor da vida. Não aceitaremos, de forma alguma, um retrocesso nesse sentido.