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Boletim Capitais ITC3.0 #01: Apenas uma capital divulga distribuição de vacinas por posto

22 jul de 2021, por OKBR

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Recife (PE) é a única a atender o indicador e João Pessoa (PB) tem melhor desempenho no ranking; terceira fase do ITC-19 avalia 34 critérios nas capitais, sendo 13 relacionados à imunização.

→ Pelo menos seis das 26 capitais deixam de divulgar  dados básicos sobre o processo de vacinação.

→  Com dados desatualizados, caso mais crítico é de Macapá (AP), onde não foi possível saber sequer a quantidade de doses aplicadas até julho. 

→  Terceira fase do Índice de Transparência da Covid-19 passa a avaliar 34 critérios em capitais, 13 deles referentes à vacinação; seis dos dez critérios menos atendidos na nova fase tratam do tema.

→  Dados de coberturas vacinais são publicados por apenas 11 cidades, mas nem todas publicam detalhamento por grupos prioritários e a porcentagem da população geral imunizada.

→  Recife (PE) é a única capital a publicar dados de distribuição de doses a postos de vacinação — é o indicador menos transparente dentre os avaliados. 

→ Etnias indígenas de pessoas vacinadas são conhecidas apenas em Manaus (AM) e Salvador (BA), enquanto somente João Pessoa (PB), Recife (PE) e Vitória (ES) publicam dados de estoque de seringas e agulhas.  

 

O primeiro boletim sobre as capitais no Índice de Transparência da Covid-19 (ITC-19) 3.0 revela que o acesso à informação sobre a pandemia nas capitais encontra seu maior gargalo quando se trata da vacinação: em pelo menos seis das 26 capitais quase não há dados disponíveis sobre a imunização. O levantamento é da Open Knowledge Brasil (OKBR).

A atualização dos dados também é um problema, e foi identificada de forma mais crítica em Macapá (AP). Apesar de contar com painel e microdados, ambas as fontes de informação encontravam-se desatualizadas quando a coleta de dados foi realizada, entre 13 e 15 de julho. Com isso, não foi possível nem mesmo saber quantas  doses haviam sido aplicadas no município até então. 

Em Cuiabá (MT), não é possível saber quando foram atualizadas as poucas informações disponíveis sobre a vacinação, já que o painel municipal não tem referências de data. A incompletude dos dados também chama a atenção em Boa Vista (RR), Natal (RN) e São Luís (MA): em todas elas, é possível saber quantas doses foram aplicadas, mas, com exceção de um ou outro indicador publicado parcialmente, não há detalhamento sobre os grupos prioritários já atendidos, o perfil das pessoas vacinadas e a infraestrutura de atendimento relacionada.

Maceió (AL), Belo Horizonte (MG) e Teresina (PI) avançam na informação sobre  grupos prioritários, mas os demais aspectos demográficos, geográficos e de infraestrutura não estão disponíveis — com exceção de doses recebidas ou adquiridas, detalhadas por fabricante, disponibilizado pela capital mineira. 

São Paulo (SP), que avançou na transparência sobre casos de Covid-19 ao disponibilizar microdados e outras bases em formato aberto em junho último, ainda apresenta barreiras relacionadas à vacinação: não há nenhuma informação sobre grupos prioritários já vacinados, sexo, raça/cor e etnias indígenas de pessoas vacinadas, ou dados relacionados à infraestrutura além dos totais de doses recebidas.

 

Um dos maiores problemas identificados na primeira avaliação de estados e governo federal no ITC-19 3.0, publicada em junho de 2021, a divulgação de dados sobre cobertura vacinal também é um desafio entre as capitais. Taxas relacionadas a grupos prioritários são encontradas em apenas oito cidades (31%). Também são oito as capitais que publicam as taxas em relação à sua população total, mas somente cinco delas se repetem na lista anterior e, portanto, divulgam a proporção da população vacinada de forma mais completa: Florianópolis (SC); Fortaleza (CE); Goiânia (GO); João Pessoa (PB) e Vitória (ES).

O levantamento também mostrou que a opacidade se agravou em 2021. Critérios que figuram na lista de menos atendidos na fase atual do Índice  já apresentavam baixo desempenho se comparados à última avaliação do ITC-19 2.0, realizada em dezembro de 2020: disponibilidade de testes, ocupação de leitos clínicos e de UTI gerais, e etnias de pessoas indígenas que tiveram a doença. A única exceção foi microdados de casos, que passou a ser publicado por mais capitais.

Entre os destaques positivos desta primeira avaliação na nova fase,  João Pessoa (PB) obteve o primeiro lugar no ranking, com 95 pontos. A capital paraibana é uma das únicas a publicar microdados completos de casos de Covid-19 e da vacinação. Além dela, apenas Manaus (AM) faz o mesmo. Não por acaso, a cidade ocupa, ao lado de Vitória (ES), o segundo lugar na avaliação, ambas com 81 pontos. As três são as únicas capitais a atingir o nível “Alto” de transparência na escala do Índice nesta primeira rodada, apesar de ainda terem itens a aprimorar. 

A primeira rodada de avaliações das capitais foi feita a partir dos dados disponíveis entre 13 e 15 de julho. A próxima avaliação do ITC-19 3.0 a ser publicada será sobre os estados, na segunda quinzena de agosto.

 

Downloads:

Boletim Capitais #01 completo do Índice de Transparência Covid-19 3.0.

Base de dados completa com a avaliação detalhada de cada ente.

Nota metodológica com o detalhamento dos critérios de avaliação.

Mais informações no site: transparenciacovid19.ok.org.br