Confira como foram os primeiros painéis online e gratuitos da conferência
A abertura de dados no setor privado é uma discussão que tem ganhado notoriedade como uma medida para tornar a relação entre governos e empresas mais transparente, contribuindo, assim, para o combate à corrupção. Esse foi o assunto apresentado por Stephen Abbott Pugh, chefe de tecnologia da Open Ownership (OO), na 7ª edição da Conferência de Jornalismo de Dados e Métodos Digitais (Coda.Br 2022). Transmitida nos canais da Open Knowledge Brasil e da Escola de Dados no Youtube, a palestra contou com a mediação de Fernanda Campagnucci, diretora-executiva da Open Knowledge Brasil (OKBR).
Na apresentação “Transparência no setor privado: capacitando cidadãos a usarem dados de propriedade corporativa”, Abbott Pugh falou sobre o trabalho que a Open Ownership tem desenvolvido com cerca de 40 governos para apoiá-los no fornecimento de dados. O chefe de tecnologia relatou que para eficácia do processo é necessário entender, primeiramente, quem são as pessoas que possuem ou controlam as empresas.
Segundo ele, os registros públicos de proprietários dão acesso a dados de alta qualidade sobre quem possui, controla e se beneficia das organizações e dos seus lucros. Essas informações, conhecidas como transparência dos beneficiários finais – beneficial ownership transparency (BOT), ajudam a combater a corrupção, reduzir o risco de investimento e melhorar a governança nacional e global.
“Esses tipos de dados ajudam a combater a corrupção em licitações. Se você tiver informações sobre compras, por exemplo, há maneiras de conectá-las para descobrir quem são as pessoas que possuem ou controlam uma determinada empresa e, consequentemente, ajudam a combater qualquer incidência, manipulação de ofertas ou outras atividades”, explicou Abbott Pugh.
Deseja saber mais sobre o assunto? Clique aqui para assistir o keynote na íntegra.
Ativismo de dados e privacidade: preservando direitos
Já o painel de abertura do Coda.Br 2022 abordou os impactos da tecnologia na sociedade e como utilizá-la para promover políticas públicas eficientes. Transmitido na segunda-feira (31), o bate-papo on-line contou com a participação de Marek Tuszynski, co-fundador da Tactical Tech; e Joana Varon, co-fundadora da Coding Rights.
Ambos são representantes de organizações que estudam os efeitos tanto positivos quanto negativos da tecnologia, mas acima de tudo capacitam os cidadãos a fazer o melhor uso dela.
Marek e Joana sinalizaram que vivemos em uma sociedade de dados desigual, dominada por grandes atores que são capazes de controlar o fluxo de informações e narrativas de dados, incluindo um tipo muito importante que são as narrativas políticas a nível global e no contexto de cada país. “O nosso trabalho é dedicado a pensar em como chamar a atenção para quem está construindo um futuro digital mais sustentável”, comentou Marek.
Joana Varon, por sua vez, começou falando sobre o cenário político brasileiro e explicou que a Coding Rights tem duas frentes de ação, que segundo ela, podem ser interpretadas como duas frentes de batalha. Ela falou sobre resistência em produzir pesquisas para revelar as dimensões de poder que estão por trás do desenvolvimento de certas tecnologias e o trabalho em proporcionar visibilidade às novas tecnologias. “Você tem que aplicar a visão crítica da política que está por trás das tecnologias”, sinalizou Joana.
A conversa foi mediada por Luandro Vieira, membro da organização Digital Democracy, e está disponível aqui. Assista!
Sobre o Coda.Br 2022
Organizado pela Escola de Dados, programa educacional da OKBR, e desenvolvido com a Google News Initiative, o evento é pioneiro ao integrar jornalistas e cientistas sociais sob a perspectiva das boas práticas no trabalho com dados. Este ano, a programação foi híbrida: inteiramente online de 31/10 a 3/11, e presencial no fim de semana dos dias 5 e 6/11, na ESPM São Paulo. Os painéis, keynotes e a cerimônia do Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados estão abertos ao público no canal da Escola de Dados no YouTube.