Parceria entre a Escola de Dados e o Instituto Fogo Cruzado ofereceu contribuições ao debate sobre violência armada
Ampliar e fortalecer o protagonismo de jornalistas e organizações da sociedade civil no debate sobre segurança pública e violência armada. Este foi o objetivo do curso ‘No Alvo’, que contou com dois módulos totalmente gratuitos e online, realizados entre os meses de julho e setembro. As mais de 63 horas de atividades foram destinadas ao público dos estados do Rio de Janeiro, Bahia, Pará, Pernambuco, Amazonas, Ceará e Rio Grande do Norte. A iniciativa é uma parceria entre o Instituto Fogo Cruzado e a Escola de Dados, programa educacional da Open Knowledge Brasil (OKBR) e financiado pela Open Society Foundation, Shuttleworth Foundation e Fundação Friedrich Ebert – Brasil.
“Armas e a política de segurança estão entre os principais assuntos do debate público e político brasileiro. Para acompanhar essa tendência, é preciso que jornalistas e pesquisadores estejam qualificados para trazer informações precisas para a população. Essa é uma importante forma de estimular a participação cidadã no fortalecimento do debate sobre segurança pública”, comentou Cecília Olliveira, diretora-executiva do Instituto Fogo Cruzado.
Os participantes tiveram acesso a ferramentas e análises fundamentais para comunicar dados e informações sobre segurança e também aprenderam sobre a legislação e políticas públicas, especialmente no âmbito do executivo estadual.
“Foi uma experiência incrível participar do curso. Diante do cenário nacional, onde existe cada vez menos transparência nos dados e instituições, os profissionais e pesquisadores precisam aprender a ler os dados em qualquer tipo de fonte. Portanto, conhecer as diversas formas de manipulação de dados se torna essencial. O curso nos forneceu ferramentas para enfrentar os diferentes 100 anos de sigilo e dados espalhados por aí”, contou a advogada Amanda Quaresma, participante do curso e coordenadora de Controle Interno da Casa Civil do Estado da Bahia.
As oficinas e tutoriais foram ministrados através de videoaulas, aulas ao vivo e suporte via chat. “O curso foi uma iniciativa importantíssima para fortalecer o debate sobre a política de armas, que deveria ser cada vez mais central, visto que traz desafios muito difíceis para toda a sociedade. Gostaria de ressaltar o acerto sobre o formato, com aulas gravadas, material em slide e as aulas e oficinas ao vivo, com bastante interação e estímulo à participação. Deixo ainda meu agradecimento a todas as instituições e profissionais envolvidos na iniciativa, que foi um sucesso!”, comentou Nerice Carioca, participante do curso ‘No Alvo – Política de armas e munições’.
O primeiro módulo “No Alvo – Dados e Segurança Pública” envolveu desafios práticos com análise de dados e comunicação sobre segurança pública, e foi voltado para profissionais de coletivos de comunicação e jornalistas, com interesse em utilizar dados abertos sobre segurança pública na cobertura local.
Já o segundo módulo “No Alvo – Política de Armas e Munições”, foi desenvolvido para orientar comunicadores e jornalistas de coletivos de comunicação, de bairro, organizações do terceiro setor e influenciadores. O objetivo era aprofundar tópicos relacionados ao debate sobre política de armamento guiado por dados e evidências, bem como técnicas de comunicação para a elaboração de relatórios sobre o assunto.
Para Maria Isabel Couto, diretora de programas do Instituto Fogo Cruzado, é necessário qualificar estudantes e pesquisadores para que eles mesmos possam produzir estudos e estatísticas a fim de tornar o debate sobre segurança pública cada vez mais democrático.
“Os dados, juntos com o uso eficaz de técnicas de pesquisa e extração de informações, se tornam importantes aliados para pautar a segurança pública em um país com tantos estados que omitem informações importantes para a população. O curso ‘No Alvo’, foi pensado justamente para ajudar a formação desses pesquisadores, tornando o conhecimento sobre técnicas de extração e leitura de informações, cada vez mais acessível”, revelou Maria Isabel.
O time de instrutores focados em diminuir a lacuna provocada pelo apagão de dados em segurança pública foi formado por: Bruno Langeani, advogado e autor do livro ‘Arma de fogo no Brasil: gatilho da violência’; Esther Solano Gallego, professora da Unifesp; Felippe Angeli, gerente de advocacy do Instituto Sou da Paz; Ivan Marques, diretor da The International Action Network on Small Arms (IANSA); Jessica Souto, coordenadora geral da Instituição Movimentos; e Roberto Uchôa, policial federal e mestre em Sociologia Política.