Dez anos da OKBR | Ex-diretor comenta o impacto da atuação da organização para melhora da justiça social no país

11 out de 2023, por OKBR

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Para Ariel Kogan, projetos desenvolvidos com a utilização de dados abertos contribuíram para esse cenário 

“A Open Knowledge Brasil (OKBR) foi uma das organizações que liderou o processo de construção de um arcabouço legal para abertura e acesso a dados públicos, além de padrões e protocolos de dados abertos no Brasil.”

A afirmação é de Ariel Kogan, engenheiro industrial que esteve à frente da diretoria da OKBR entre 2015 e 2017. Com ampla atuação em indicadores, Kogan foi um dos idealizadores do Programa Cidades Sustentáveis, da Rede Nossa São Paulo, iniciativa que oferece aos gestores públicos uma agenda completa de sustentabilidade urbana com um conjunto de indicadores associados.

Nesta entrevista, que faz parte de uma série especial para marcar o aniversário de dez anos da OKBR, ele relembra o convite para assumir a diretoria da organização e o papel desempenhado pela OKBR ao longo desses dez anos de história. “A OKBR tem sido uma das organizações mais relevantes de impulsionamento de projetos que utilizam dados abertos e transparência em benefício da melhora da qualidade de vida e da justiça social no país”, ressalta. Para Kogan, o aperfeiçoamento da democracia, a diminuição das desigualdades e a agenda climática e ecológica devem estar no radar da organização pelos próximos anos.

Leia a entrevista na íntegra.

Open Knowledge Brasil (OKBR): Como a história da OKBR se cruza com a sua?

Ariel Kogan: Trabalhei por muito tempo com indicadores, principalmente os que dizem respeito à qualidade de vida e sustentabilidade das cidades. Nesse contexto, o acesso à informação pública e a transparência de dados são fundamentais. Fui um dos responsáveis por idealizar o Programa Cidades Sustentáveis, da Rede Nossa São Paulo, e, logo que soube do início do capítulo brasileiro da Open Knowledge Foundation (OKF), fui convidado a participar do Conselho, convite que aceitei sem hesitar. Desde aquele momento, me coloquei à disposição para contribuir com o desenvolvimento da organização.

OKBR: Na sua avaliação, quais são as principais contribuições da OKBR para a evolução do cenário relacionado à transparência e aos dados abertos no Brasil nos últimos dez anos?

AK: A OKBR foi uma das organizações que liderou o processo de construção de um arcabouço legal para abertura e acesso a dados públicos, além de padrões e protocolos de dados abertos no Brasil, com destaque em alguns estados e cidades brasileiras. E tem sido uma das organizações mais relevantes de impulsionamento de projetos que utilizam dados abertos e transparência em benefício da melhora da qualidade de vida e da justiça social no país. Muito do que existe de arcabouço legal de transparência, acesso à informação e acesso a dados públicos no Brasil tem a ver com o trabalho que a OKBR vem desenvolvendo ao longo dessa trajetória.

OKBR: Quais ações ou projetos da OKBR você destacaria nessa trajetória e por quê?

AK: Eu destacaria três eixos que sempre foram extremamente relevantes. O primeiro é o advocacy e sua importância para a criação de políticas públicas e marco legal para a pauta de transparência, acesso à informação e dados abertos. O  segundo é a capacitação, tanto de organizações da sociedade civil e do governo, quanto dos jornalistas. E o terceiro seria a ação, com o desenvolvimento de projetos que demonstrem o potencial do uso de dados abertos e todo o repertório de transparência, agenda que a própria OKF e outras organizações ajudaram a criar.

OKBR: Frente aos desafios e às oportunidades atuais, como você avalia que a OKBR deva direcionar seus esforços de atuação no próximo período?

AK: Acredito que existem três pautas que a OKBR poderia priorizar nos próximos projetos: a consolidação e o aperfeiçoamento da democracia, a diminuição das desigualdades e a agenda de sustentabilidade, mudanças climáticas e crise ecológica. Se eu estivesse à frente da OKBR hoje, escolheria priorizar a agenda da equidade e justiça social, buscando contribuir para a diminuição das desigualdades no Brasil.