Oito cidades participaram da iniciativa apoiada pela OKBR; debate sobre impactos das tecnologias e atividades práticas foram foco das atividades
O papel da tecnologia para conservação ambiental e fortalecimento de comunidades, seu uso como uma ferramenta para a transformação social e as tendências e desafios enfrentados pela sociedade em relação à linguagem foram alguns dos assuntos que permearam os “Encontros sobre Tecnologias Cívicas”, realizados em oito municípios da Amazônia Legal. Além do debate sobre esses impactos, os encontros promoveram oficinas e atividades com ensino de Python, que apresentaram possibilidades de atuação no território a 185 participantes.
A Open Knowledge Brasil (OKBR) ofereceu bolsas para a organização dos encontros em paralelo à realização do curso online e gratuito “Python para Inovação Cívica: primeiros passos na prática”. As atividades foram realizadas ao longo do mês de julho, em Açailândia (MA), Ananindeua (PA), Cacoal (RO), Marabá (PA), Palmas (TO), Rio Branco (AC), Tabatinga (AM) e Uiramutã (RR). Haverá ainda um encontro em Tangará da Serra (MT), no dia 10 de agosto, na Universidade do Estado do Mato Grosso (UNEMAT).
“Essas iniciativas proporcionam um espaço para o empoderamento e capacitação dos cidadãos locais em tecnologias cívicas, permitindo que eles compreendam o potencial dessas ferramentas para promover a sustentabilidade e o engajamento comunitário de forma a ampliar as vozes e perspectivas da sociedade civil. Ao discutir e compartilhar experiências sobre o uso dessas tecnologias, participantes podem desenvolver soluções inovadoras para desafios ambientais e sociais enfrentados na região, além de estreitar a relação entre comunidades, estimulando a participação social e a incidência.”, disse Iracema Marques, coordenadora do projeto VAC (Vozes pela Ação Climática) na OKBR, que tem como foco a promoção da justiça climática.
Os “Encontros sobre Tecnologias Cívicas” foram realizados em parceria com os coletivos PyLadies Manaus e PyData Manaus no âmbito do projeto “Fortalecimento do Ecossistema de Dados e Inovação Cívica na Amazônia Brasileira”, contemplado pelo programa Vozes pela Ação Climática Justa (VAC).
Um pouco sobre como foram os encontros e o relato dos organizadores
AÇAILÂNDIA (MA) | “Conceito de dados abertos e o Portal de Transparência”
Uma apresentação sobre o conceito de dados abertos e o Portal de Transparência abriu o evento com apresentações de projetos que utilizam essas informações, como Serenata de Amor, da OKBR. Uma atividade prática por meio do uso do Datapédia e do Portal de Transparência do município fechou a programação. “Era um grupo muito bom. A maioria chegou com envolvimento em outras associações e movimentos, o que tornou a oficina muito participativa e dinâmica”, disse Marcos Antonio Alves da Silva.
ANANIDEUA (PA) | “Python no Tucupi”
“Python no Tucupi” foi o tema da reunião, que promoveu discussões e apresentou iniciativas do estado do Pará com o uso de tecnologias cívicas. O evento reuniu professores de Ananideua, Belém e Castanhal, alunos dos cursos técnicos de meio ambiente, de redes e de graduação em Ciência e Tecnologia do Instituto Federal do Pará (IFPA). “O evento proporcionou um estímulo à discussão do assunto e foi visto um dinamismo e sensação de pertencimento da turma de ciência e tecnologia no apoio ao evento presencial”, relatou Tatiana de Freitas.
CACOAL (RO) | “Uso das tecnologias cívicas e como podem contribuir para proteção do nosso território e nosso modo de vida”
O evento aconteceu na Aldeia Gapgir, da Nação PAITER, que há dois anos passou a contar com acesso à Internet. O debate se deu em torno do uso da tecnologia como caminho para o diálogo com o governo e a preservação da floresta. “Os jovens indígenas buscam cada vez mais a tecnologia. Já temos demandas para continuar discutindo sobre essas tecnologias colaborativas e seu papel na sociedade indígena como instrumento de luta para dialogar com o governo e outras esferas de poder”, disse Alexandra Borba Surui.
MARABÁ (PA) | “Tecnologias Cívicas Aplicadas à Conservação Ambiental”
Um painel com estudantes do curso de Engenharia da Computação da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará norteou o encontro. Com a temática “Tecnologias Cívicas Aplicadas à Conservação Ambiental”, a discussão abordou desafios, oportunidades e exemplos relacionados ao uso de tecnologias cívicas na conservação ambiental. “Essa iniciativa não apenas nos encheu de inspiração, mas também nos permitiu nos sentirmos parte integrante das transformações em nossa comunidade”, comentou Luana Batista.
PALMAS (TO) | Inovação Social e as Novas Tecnologias Digitais do século XXI: como transformá-las em Tecnologias Cívicas para o fortalecimento de comunidades resilientes justas e sustentáveis no Tocantins”
Conhecer sobre inovação social e as novas tecnologias digitais do século 21 e aprender como transformá-las em tecnologias cívicas para o fortalecimento de comunidades resilientes, justas e sustentáveis no Tocantins foi o que norteou o debate do encontro. “Tivemos pessoas querendo entender sobre como a tecnologia pode ajudar na educação, na saúde, no meio ambiente e até na segurança social. Outros perguntaram sobre satélites, computadores, inteligência artificial e aplicativos. Isso me mostrou o quanto eles têm interesse por ciência e tecnologia”, disse Mayko Martins.
Rio Branco (AC) | “Atuação de tecnologia no terceiro setor e sociedade civil organizada com foco em dados”
“Atuação de tecnologia no terceiro setor e sociedade civil organizada com foco em dados” foi o assunto central do encontro, que apresentou dados demográficos, campanhas ambientais e formas de avaliação de impacto das atividades no território. “Os participantes levantaram diversas questões e dúvidas sobre as possibilidades de atuação no território e se mostraram surpresos com a possibilidade de abordar a tecnologia como fator impulsionador de impacto. Já combinamos de elaborar um roteiro para o próximo encontro”, relatou Sarah Cristina Cavalcante Soares.
TABATINGA (AM) | “Incentivar jovens amazônicos para o aprendizado de programação com foco na linguagem Python”
O incentivo a jovens amazônicos para o aprendizado de programação com foco em Python foi o objetivo da reunião, que ofereceu uma oficina sobre noções básicas da linguagem, além de exercícios de criação. “Alguns participantes já tinham uma boa base em lógica de programação por serem alunos do curso de Informática do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Amazonas (IFAM). O que me chamou atenção foi o interesse de alguns em usar a programação para auxiliar jovens indígenas em relação à barreira linguística existente”, contou Elvis Rodrigues.
UIRAMUTÃ (RR) | “Construindo o Futuro: Desafios e Oportunidades em Tecnologias Cívicas”
A atividade “Construindo o Futuro: Desafios e Oportunidades em Tecnologias Cívicas” reuniu alunos do Ensino Médio com o propósito de oferecer uma visão do potencial das tecnologias. Uma palestra sobre o panorama das principais tendências e desafios abriu o encontro e destacou o uso de Python como uma das principais linguagens. “Os participantes saíram motivados a buscar novas maneiras de conhecer e aplicar a tecnologia para o bem social e com mais garra para concluir o ensino médio e passar para a próxima fase”, Marivaldo Samuel Silva.
