Texto gentilmente elaborado para a OKFN Brasil pelo time do Estadão Dados.
O Estadão Dados – núcleo de jornalismo de dados do jornal O Estado de S.Paulo – lançou recentemente um blog cuja meta é publicar ao menos um infográfico por dia, com dados estatísticos sobre política, economia, segurança, saúde e outros.
Além disso, a equipe prepara uma reforma de sua principal ferramenta, o Basômetro, que está prestes a completar um ano e já reúne informações sobre 497 mil votos de deputados e senadores durante os governos de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) e Dilma Rousseff (2011 até agora).
Formado por três jornalistas – José Roberto de Toledo, Amanda Rossi e Daniel Bramatti – e um programador – Diego Rabatone –, o Estadão Dados tem como projeto disseminar o jornalismo de dados em toda a redação. Para isso, colabora com repórteres e editores em determinadas apurações, além de dar suporte no uso de softwares e ferramentas online.
Primeira iniciativa do grupo (veja a lista completa aqui), o Basômetro é uma ferramenta interativa que mede o grau de governismo de parlamentares e partidos, ao permitir a análise de votações segundo critérios definidos pelo próprio usuário.
Em sua estreia, em maio de 2012, o Basômetro – então com dados apenas da gestão Dilma – trouxe à luz diversas informações inéditas. Reportagens revelaram que o “núcleo duro” da presidente – formado por parlamentares que votavam com o governo em 90% das vezes ou mais – havia encolhido no segundo ano do mandato, e que o PMDB era o principal responsável pela dispersão da base aliada. Também mostramos que o Senado, maior fonte problemas para Luiz Inácio Lula da Silva no Legislativo, havia ficado mais governista que a Câmara na gestão Dilma.
O Basômetro também permitiu ver quem eram os deputados e senadores “independentes”, que assumiam posições divergentes das de seus partidos. Que o PSD, do então prefeito Gilberto Kassab, havia se tornado menos governista em 2012. Que as regiões Nordeste e Sul estavam no topo do ranking de governismo. E, com o filtro de bancadas temáticas, foi possível observar que a bancada ambientalista havia se alinhado à ruralista nas votações do Código Florestal.
A primeira grande reforma do Basômetro ocorreu em setembro do ano passado, quando a ferramenta foi adaptada para absorver dados sobre 825 votações e cerca de 420 mil votos na Câmara nos dois mandatos de Lula. Com isso, o Estadão Dados abria aos leitores a mais avançada ferramenta para análise da atuação de parlamentares e partidos antes, durante e depois do escândalo do mensalão. Reportagem publicada na época mostrou que uma crise na base aliada, com forte redução do índice de governismo na Câmara, havia antecedido o estouro do escândalo em dois meses.
No momento, a equipe estuda formas de acelerar o desempenho da ferramenta e automatizar sua alimentação, já que ainda há processos de coleta e limpeza dos dados que exigem muita intervenção humana. Com o tempo, pretendemos publicar outros aplicativos que permitam dissecar mais bases de dados e extrair delas informações de interesse público.
Como o Basômetro e o próprio Estadão Dados não existiriam sem softwares livres e dados abertos, também os nossos trabalhos se pautam pela transparência e espírito de compartilhamento. O código fonte e a íntegra das bases de dados do Basômetro são de livre acesso a qualquer cidadão, veículo de comunicação ou entidade que queira montar uma ferramenta similar para a Assembleia Legislativa do seu Estado ou a Câmara Municipal de sua cidade.
Ver também
- Blog: http://blog.estadaodados.com/
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