Mapeamento aberto no Brasil no Open Data Day 2019

03 abr de 2019, por OKBR

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Este relatório faz parte da série de relatórios de eventos sobre o Dia Internacional dos Dados Abertos de 2019. O Code for Curitiba e a Open Knowledge Brasil / UG Wikimedia no Brasil receberam financiamento através do esquema de mini-grants do Mapbox para organizar eventos sobre o tema Mapeamento aberto. Este é um relatório conjunto de Ricardo Mendes Junior e Celio Costa Filho: suas biografias estão incluídas no final deste post.

Open Data Day São Paulo

O Open Data Day é uma celebração anual de dados abertos que ocorre em todo o mundo. Em sua nona edição, em 2019, pessoas de vários países organizaram eventos usando e / ou produzindo dados abertos. Esta é uma ótima oportunidade para mostrar os benefícios dos dados abertos e encorajar a adoção de políticas de dados abertos no governo, nos negócios e na sociedade civil. No Brasil, alguns desses eventos ocorreram na primeira quinzena de março.

A iniciativa de realizar um desses eventos na cidade de São Paulo veio de dois voluntários do grupo Wiki Movimento Brasil. A ideia do evento veio após o desastre da barragem de Brumadinho, ocorrido em 25 de janeiro de 2019, quando uma barragem de rejeitos em uma mina de minério de ferro em Brumadinho, Minas Gerais, sofreu uma falha catastrófica. Nesse contexto, percebemos a importância da existência de dados de barragens brasileiras de rejeito devidamente estruturadas em plataformas abertas e com dados legíveis por máquina, como a Wikidata. Isso ficou ainda mais visível quando, até o final de janeiro deste ano, um relatório da Agência Nacional de Águas classificou 45 reservatórios de represas como vulneráveis, afetando potencialmente uma população de 3,5 milhões de pessoas em cidades com barragens de risco.

A finalidade deste Open Data Day, portanto, era realizar a captura de bancos de dados cujo conteúdo é gratuito e criar itens no Wikidata ricos em informações estruturadas sobre as barragens existentes no Brasil. O site do Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens, controlado pela Agência Nacional de Águas, era a principal fonte; o site registra mais de 3.500 barragens. Uma vez que os dados foram organizados em uma planilha, o processo de “wikidadização” começou com a ajuda dos participantes do evento. Dados Wikidadizar nada mais é do que modelar dados estruturáveis, isto é, tentar estabelecer correspondências entre os conceitos e valores apresentados na tabela de dados e as propriedades e itens do Wikidata. Somente após a wikidadização é possível fazer o upload dos dados para o Wikidata. Cada participante do evento levantou cerca de 500 itens de barragens.

Os itens criados neste evento podem servir a vários propósitos, como a ilustração dos mapas de barragens por nível de dano potencial associado (http://tinyurl.com/yyavll5o) e verificação cruzada das estatísticas de segurança de barragens com outros bancos de dados (por exemplo, os relacionados nas notícias brasileiras hoje: https://bit.ly/2CxqOla

O evento foi organizado pelos membros do Wiki Movimento Brasil e contou com o apoio da Creative Commons Brasil.

Exemplo de mapa: https://bit.ly/2Fwtdid
Fotos: https://commons.wikimedia.org/

 

Open Data Day Curitiba 2019

O Open Data Day Curitiba 2019 foi realizado no Centro de Treinamento do FIEP Paula Gomes e contou com 61 pessoas participando, em 4 salas de trabalho e assistindo as palestras no auditório. A programação de palestras contou com a colaboração de 11 convidados especiais que falaram 15 minutos cada um, nos temas Acesso e reutilização de dados científicos, Dados abertos de gastos públicos em formatos acessíveis, Ciência aberta: Repositório de dados científicos de Pesquisa, Mapeamento Colaborativo, Educação aberta e tecnologia educacional aberta, Impactos da Lei de Proteção de Dados Gerais brasileira, Sistemas de Informação para transporte público, Uso da metodologia City Information Modeling (CIM) para planejamento urbano, Transparência e controle social, Roteiro para inovação cívica no setor público e Urbanismo e mapeamentos colaborativos, engajamento cívico e laboratórios urbanos. Na abertura do evento, a diretora da Agência Curitiba / Vale do Pinhão, Cris Alessi, falou sobre o ecossistema de inovação de Curitiba e quais ações podemos realizar como participantes do movimento de hackers cívicos e incentivando os dados públicos abertos. Nas salas de trabalho os participantes discutiram e desenvolveram atividades relacionadas aos temas do ODD Curitiba 2019.

 

Ciência aberta

Na sala de trabalho de Ciência aberta, 13 pessoas participaram das atividades e o grupo começou a discutir a contextualização do conceito de dados científicos e algumas abordagens internacionais sobre o tema, a diferenciação entre informação científica e produto de pesquisa. O grupo então identificou três conjuntos de dados, analisando suas estruturas (dados, documentação e apoio da publicação original que contextualiza as informações). Após essa atividade, o grupo discutiu os 8 Princípios de Panton que analisam a qualidade dos dados abertos e discutiu os repositórios https://www.re3data.org/ e https://www.kaggle.com/. Como última atividade, discutiram o contexto dos dados científicos em periódicos científicos, os tipos de licença de copyright para dados e a dificuldade de obter informações a partir dos dados publicados na plataforma http://lattes.cnpq.br/.

 

Acompanhando o fluxo de dinheiro público

Na sala de trabalho “Acompanhando o fluxo de dinheiro público”, 28 pessoas participaram. As discussões iniciais foram sobre dinheiro gasto em eventos públicos e ações de políticas públicas que usam recursos públicos e como encontrar o destino desses recursos nos documentos da cidade (ofertas, compromissos, avisos, etc.). Após essa discussão, o grupo decidiu concentrar-se no acompanhamento dos gastos com medicamentos e nos custos do transporte público. Então, eles começaram a discussão com questões relacionadas a essas despesas. Posteriormente, foi elaborado um mapa com a trilha do dinheiro para essas despesas, incluindo as fontes de informação. Essa trilha será aprimorada pelo grupo, que se comprometeu a continuar trabalhando nessas ideias. E a conclusão do grupo é que o engajamento cidadão é o melhor remédio e foi resumido em uma frase:

“O Ministério da Saúde adverte: a participação cidadã é o melhor remédio para a gestão da saúde pública.”

Mapeamento Aberto

Na sala de trabalho de Mapeamento Aberto foi realizada a 1ª Mapatona de Acessibilidade Urbana de Curitiba (Mapatona = Maratona de Mapeamento Colaborativo). A atividade consistiu na coleta de informações no campo de cerca de 800 metros de calçadas, por equipe, na vizinhança da localização do evento. Com a ajuda de aplicativos móveis, foram coletadas situações relacionadas a problemas de acessibilidade, com coordenadas, fotos e vídeos. A lista de verificação tinha 18 itens, como pavimento irregular, rampa de acessibilidade irregular ou inexistente, buraco nas faixas. Após a coleta, os dados brutos foram editados utilizando o software gratuito QGIS, gerando os mapas finais unificados que foram disponibilizados para a comunidade através de um mapa online (https://goo.gl/UWezNK). Foram levantados 39 problemas de acessibilidade nos arredores.

 

Ônibus.io

8 pessoas participaram da sala de trabalho do projeto do ônibus.io. A iniciativa, iniciada em 2019 e mantida pelo Code for Curitiba, pretende ser um agregador de dados relacionados ao transporte público na cidade de Curitiba. No evento, os líderes do projeto, Guilherme e Henrique, apresentaram o projeto, levantaram questões e os participantes discutiram maneiras de identificar as respostas. Eles realizaram uma pesquisa exploratória de serviços públicos e privados, extraíram dados e estudaram o serviço da web fornecido pela URBS (Urbanização de Curitiba S / A). Eles criaram uma tabela comparativa para identificação de linhas em diferentes serviços e codificaram em PHP + HTML uma visão desses cronogramas. Ao final, aproveitaram a oportunidade para desenvolvimento e integração com o projeto Kartão, desenvolvido no Code for Curitiba em 2016, que apresenta os pontos de venda e recarga do cartão de transporte público.

Resultados

O Open Data Day Curitiba nos anos anteriores também foi realizado pelo Código de Curitiba. O ODD de 2019 foi maior na participação do público e nas atividades realizadas. Os resultados obtidos neste ano incluem alguns resultados diretos indicados abaixo. Um grupo formado para discutir e implementar uma solução para rastrear o dinheiro público aplicado em medicamentos em Curitiba. A atividade da 1ª Mapatona de Acessibilidade Urbana de Curitiba resultou em informações geolocalizadas que serão entregues ao Ippuc (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba) demonstrando como é possível, por meio da tecnologia, envolver a população no planejamento urbano colaborativo com o mapeamento de informações da cidade. O projeto ônibus.io recebeu contribuições valiosas dos participantes e passou a contar com novos colaboradores. Todos os projetos em desenvolvimento no Code for Curitiba são realizados por voluntários. As discussões sobre o Open Research Data iniciadas no ODD 2018 avançaram. E finalmente, a avaliação feita pelos participantes considerou o evento positivo para entender os desafios existentes para trabalhar com dados abertos e que a integração de dados ainda requer grande trabalho. Os participantes do mapeamento colaborativo gostaram da ideia de usar dados georreferenciados para a melhoria da cidade. Todos foram unânimes em afirmar que gostariam de continuar nas atividades propostas pelo ODD 2019, gostariam de receber mais informações e consideram essas atividades importantes e de grande impacto para a cidade e para o entendimento de cidadania efetiva.

Mais informações e fotos:

Biografia

O Code for Curitiba é uma brigada do Code for Brazil, inspirada no Code for America. Usa os princípios e práticas da era digital para melhorar a forma como o governo serve ao público e como o público melhora o governo. Para inspirar os funcionários públicos, as pessoas do setor de tecnologia e os organizadores da comunidade a criar mudanças ao provarem que o governo pode fazer melhor e mostrar aos outros como. Fornecem ao governo acesso aos recursos e talentos digitais necessários para que juntos possamos impactar significativamente alguns dos desafios sociais mais difíceis do mundo. Conectando e convocando pessoas de dentro e de fora do governo e de todo o mundo para se inspirarem, compartilharem sucessos, aprenderem, construírem e moldarem uma nova cultura de serviço público para o século XXI.

Ricardo Mendes Junior é atualmente o capitão do Code for Curitiba. Graduado em Engenharia Civil e PhD em Engenharia de Produção, atualmente é professor da Universidade Federal do Paraná, atuando no Programa de Pós-Graduação em Gestão da Informação. Seus tópicos de interesse são: Engenharia da Informação, City Information Modeling (CIM), produção colaborativa, participação pública através de mapeamento colaborativo, crowdsourcing e inteligência artificial, crowd collaboration e empreendedorismo cívico.

Celio Costa Filho é membro fundador da Open Knowledge Brasil, do grupo de usuários do Wiki Movimento Brasil e coordenador wiki do Creative Commons Brasil.