Novas formas de governo, segundo Stefaan Verhulst

05 maio de 2014, por OKBR

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Stefaan Arena

Stefaan Verhulst é co-fundador e chefe de pesquisa no Governance Laboratory da Universidade de Nova Iorque (NYU). Seu papel é construir uma fundação de pesquisa em torno de como transformar o governo usando avanços da ciência e da tecnologia. A sua breve apresentação durante o #ArenaNETMundial deu origem a esse post.

NYU GovLab“Sou otimista!”. Assim Verhulst iniciou sua fala na mesa “Novas formas de participação social em rede”, “Se hoje não temos as soluções para muitos problemas sociais, que isso nos faça experimentar mais!”. Após 25 anos de web, nunca estivemos tão conectados com pessoas e dados como hoje estamos. Isso renova a noção de normalidade e gera novas formas de se fazer praticamente tudo, incluindo de governar. Já podemos observar 6 grandes mudanças neste campo:

1. Envolvimento como deliberação → Envolvimento como colaboração

Cidadãos não são importantes só porque possuem voz própria e direito ao voto. São importantes porque têm conhecimento e competência técnica. Nós devemos promover plataformas onde eles possam criar as soluções. Ainda não é possível mapear “quem sabe o quê”, mas as soluções certamente virão dos cidadãos.

2. Centralização → Distribuição

Não haverá uma única organização a solucionar os problemas, mas um vasto número de indivíduos conectados a discuti-los. A experimentação e a descentralização andam juntas e ambas foram impulsionadas pela Internet.

3. Instituições fechadas → Instituições abertas

Os governos coletam dados, mas não compartilham esses dados com os pagadores de impostos que os permitem realizar essa coleta. Faz sentido? O estudo de dados é fundamental para identificar soluções, criar trabalhos e até mesmo criar negócios. O estudo OpenData500 identificou 500 empresas que geram produtos e serviços a partir de dados abertos do governo. Ou seja, ao menos 500 companhias nos Estados Unidos que não existiriam se estes dados fossem fechados.

4. Fé → Evidências

É muito comum estabelecer medidas de governo sem ter clareza dos seus possíveis resultados. No entanto, é muito mais barato investir em pesquisa antes de testar as soluções. Em uma análise prévia, é possível estimar resultados, prever dificuldades e depois medir a eficiência da mediada adotada.

Falando nisso… como vamos medir se o Marco Civil de fato funciona?

5. Medidas uniformes → Medidas diversificadas

Antes, medidas de governo se resumiam a adotar ou criar leis. Hoje, dispomos de uma caixa de ferramentas muito maior. A Internet expandiu as soluções possíveis de modo que até mesmo games podem ser mecanismos de governo. Não há mais sentido em escolher uma única medida, diante de tantas opções.

6. Governo como intermediário → Governo como plataforma

Também o objetivo dos governos é, por fim, transformado. Não se trata mais de propor soluções em nome dos cidadãos. No novo modelo de governo, o objetivo é fornecer os dados e as condições necessárias para que os cidadãos desenvolvam as suas próprias soluções. Governos devem ser plataformas de apoio que impulsionam projetos da própria sociedade civil.

Publico ArenaNETMundialEste modelo de análise é instigante e esclarecedor. Verhulst destacou que tais mudanças não seriam possíveis há 25 anos, antes da criação da Web. Ao final, sugeriu aplicar a metodologia “Do, Learn, Do” (Faça, Aprenda, Faça) para criar novas soluções. Em outras palavras, a orientação é: experimentem, produzam dados abertos, avaliem estes dados e façam novamente, já com base nas novas evidências.

Foto de capa: Novas formas de participação social em rede por Participa Brasil.