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OKBR assina carta que cobra mais transparência e o fim do conflito de interesses na COP 30

19 mar de 2025, por OKBR

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O documento foi enviado ao governo brasileiro e ao Secretariado da Convenção da ONU sobre o Clima; entenda


Mais de 260 organizações e especialistas de diversos países assinaram uma carta, divulgada nesta terça-feira (dia 18/03), cobrando mecanismos eficazes de transparência e medidas contra a influência indevida de lobistas do setor de combustíveis fósseis e do agronegócio nas negociações climáticas. Elas afirmam que:

“(…) por muito tempo, lobistas do ramo de combustíveis fósseis têm inundado os espaços de negociação climática global anual, as Conferências das Partes (COPs). Ao lado de outras indústrias altamente poluidoras (por exemplo, o setor agropecuário no Brasil), os lobistas têm atrasado os processos de eliminação progressiva dos combustíveis fósseis, de redução das emissões e de proteção das comunidades afetadas. À medida que as temperaturas globais atingem níveis irreversíveis, nós não podemos mais permitir essa interferência”.

“A liderança brasileira tem a oportunidade única de restabelecer o curso da diplomacia climática”, sinaliza a carta, que foi enviada ao presidente Lula, já que o governo brasileiro preside a COP 30 este ano; ao presidente da COP 30, o embaixador André Corrêa do Lago; à CEO da COP 30, Ana Toni; e ao secretário-executivo da UNFCCC (Convenção da ONU sobre o Clima), Simon Stiell.

A Open Knowledge Brasil (OKBR) assina a carta, além de outras organizações brasileiras e internacionais, como Transparência Internacional – Brasil, WWF, Greenpeace, Global Witness, Oxfam e Anistia Internacional. Especialistas como o climatologista brasileiro Carlos Nobre, e redes e coalizões, como a Climate Action Network e o Observatório do Clima também assinam a carta.

“Hoje, nós – uma coalizão de organizações, defensores e cidadãos que acreditam que a transparência e accountability são essenciais para uma ação climática significativa – instamos a Presidência brasileira da COP 30 e a UNFCCC a combater a influência indevida das indústrias altamente poluidoras nas negociações climáticas e a restaurar a confiança nos processos da COP”, diz outro trecho da carta.

 

O que pede a carta

No documento, organizações e especialistas cobram a adoção de padrões de transparência mais robustos e medidas para combater a influência indevida nas COPs, como a exclusão de lobistas de setores poluidores das delegações dos Estados, e a implementação e a divulgação de declarações de interesses dos organizadores do evento e das delegações.

Eles também apontam a necessidade de aprimoramento dos critérios de escolha dos próximos países anfitriões, para que as conferências não ocorram em países autoritários e pouco comprometidos com a agenda climática, como nas últimas três edições do evento (Egito, Emirados Árabes Unidos e Azerbaijão).

Com a COP 30 marcada para novembro, em Belém, as organizações alertam que a implementação dessas medidas será essencial para restaurar a confiança no processo climático global e garantir que as negociações avancem de forma transparente e comprometida com a urgência da crise climática.