Organizações apontam melhorias em rotinas com dados; treinamento ocorreu entre janeiro e março de 2023
Os ataques antidemocráticos às sedes dos três poderes da República, em janeiro deste ano, evidenciaram a urgência de capacitar pessoas para a investigação de atos criminosos no contexto do ambiente virtual. Nesse sentido, as técnicas e metodologias de Open Source Intelligence (OSINT) têm se tornado cada vez mais estratégicas.
Pensando nisso, a Open Knowledge Brasil, por meio da Escola de Dados, tem trabalhado para oferecer oportunidades de capacitação a profissionais e comunidades que atuem ou tenham interesse no tema. É o caso do projeto “Investigações Digitais pela Democracia”, realizado entre janeiro e março de 2023 em parceria com o Laboratório de Democracia da Purpose Brasil, que contemplou dois workshops e quinze horas de mentoria para cerca de 40 jornalistas e ativistas, de dez organizações, com foco nas investigações sobre os atos antidemocráticos.
As oficinas apresentaram técnicas e metodologias de OSINT, que permitem, por exemplo, investigar rastros digitais gerados a partir de postagens em redes sociais, conversas em grupos e fóruns, além de outras evidências disponíveis em fontes abertas, como bases de dados públicos.
Relatos coletados a partir de pesquisa realizada pela OKBR com as pessoas que participaram do curso revelam impactos positivos da iniciativa sobre a aprendizagem em busca avançada, as estratégias de investigação das organizações a partir de dados abertos, a expansão das redes de contatos, a integração da equipe de pesquisa com o ambiente de trabalho, a reformulação de canais de coleta de denúncias e o maior contato com ferramentas OSINT no GitHub.
Um dos participantes relata que a experiência lhe proporcionou ampliar o conhecimento na busca de informações sobre determinados agentes e suas relações com pessoas públicas, citando como exemplo a possibilidade de reunir materiais recebidos por denúncia sobre pessoas físicas e jurídicas.
A forma de organizar os materiais de análise foi um ponto citado por outra participante, que também destacou ter aprendido a identificar onde aplicar ferramentas para otimizar o trabalho. Outro desdobramento do curso para um dos participantes foi a busca de parceria para automação do canal de denúncias e categorização dos dados. Foi mencionado, ainda, que a formação possibilitou colocar em prática a automação do canal no WhatsApp.
“A pesquisa dá pistas de que estamos no caminho certo. Nossa expectativa com esta e outras edições do curso sobre OSINT é possibilitar que as organizações e profissionais participantes aprimorem suas apurações e o armazenamento dos dados coletados, encaminhando as denúncias aos órgãos responsáveis e promovendo o debate público sobre a gravidade dos atos antidemocráticos”, comenta Jamile Santana, coordenadora da Escola de Dados.
Sobre o curso
A segunda edição do curso “Investigações Digitais: OSINT para jornalistas e ativistas brasileiros” tem início nesta quarta-feira (07/06). A iniciativa visa apresentar técnicas de investigação centradas nos desdobramentos dos ataques antidemocráticos de 8 de janeiro. A partir de aulas práticas conduzidas por alguns dos principais jornalistas investigativos do Brasil, participantes aprenderão técnicas como busca avançada (dorking), investigações de empresas e pessoas físicas a partir de dados públicos, investigações visuais e de metadados e mapeamento de redes de desinformação. O curso conta com apoio da Tactical Tech e da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji).
