Tecnologias cívicas pela ação climática na Amazônia

11 ago de 2023, por OKBR

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Ações nos nove estados da Amazônia Legal estão contribuindo para incluir mais pessoas na produção e no uso de tecnologias e dados abertos 

A fim de tornar o uso da tecnologia uma aliada de cidadãs e cidadãos no controle social e no diálogo com os governos, a Open Knowledge Brasil (OKBR) tem realizado uma série de ações nos nove estados que integram a Amazônia Legal. As atividades são fruto da coalizão “Fortalecimento do Ecossistema de Dados e Inovação Cívica na Amazônia Brasileira”, que a OKBR integra junto com a Associação de Afro Envolvimento Casa Preta, a InfoAmazonia, o Coletivo Puraqué e os coletivos PyLadies Manaus e PyData Manaus.

Concebidas em conjunto com lideranças e ativistas de inovação cívica da região, as ações da coalizão têm como objetivo promover o debate sobre o papel das tecnologias para a conservação ambiental e o fortalecimento das comunidades, bem como ampliar o conhecimento e o acesso a ferramentas, incentivando a contribuição dos participantes no desenvolvimento do ecossistema brasileiro de código aberto.

Confira a seguir um balanço das iniciativas já realizadas até o momento.

Python para Inovação Cívica

Python é uma linguagem de programação de código aberto e uma das mais populares para a construção de projetos de dados abertos e tecnologias cívicas. “Por isso, a democratização dessa ferramenta é fundamental, tanto para que as pessoas contribuam com projetos existentes, trazendo suas perspectivas, quanto para permitir que criem novas ferramentas para responder às necessidades dos contextos locais”, explicou Fernanda Campagnucci, diretora-executiva da OKBR. Com 400 bolsas de gratuidade para as pessoas participantes que vivem nessa região, o curso online foi realizado pela Escola de Dados – programa educacional da OKBR – entre junho e agosto. No total, sete módulos integraram o treinamento, com aulas que abordaram temas como análise de dados, programação, colaboração de código aberto e impacto social, estatística, entre outros.

Para Tiago Henrique da Silva, um dos participantes, a formação foi uma oportunidade de aprimorar habilidades em programação e análise de dados públicos. “Conhecer as ações mantidas pela comunidade em torno da OKBR foi marcante e confirma minha convicção de como é possível fazer da tecnologia uma ferramenta a favor da sociedade. O curso despertou ou reafirmou em todos um senso de responsabilidade e engajamento cívico, reforçando a ideia de que a tecnologia é uma poderosa ferramenta para a transformação e o controle social. Sinto-me motivado a continuar a explorar esse campo e a aplicar meus conhecimentos a favor dessa causa”, afirmou.

A partir do curso, Tiago passou a promover mentorias gratuitas e um grupo de estudos de livros ligados aos temas.

Encontros sobre tecnologias cívicas

Paralelamente ao curso online, para estimular as trocas de experiências e conhecimentos em comunidades locais, a OKBR ofereceu microbolsas para a organização de encontros presenciais na região para discutir as possibilidades e desafios do uso de tecnologias cívicas — aquelas que, ao contrário de tecnologias fechadas, ou proprietárias, permitem o envolvimento e a colaboração de qualquer pessoa.

Oito municípios contaram com eventos: Açailândia (MA), Ananindeua (PA), Cacoal (RO), Marabá (PA), Palmas (TO), Rio Branco (AC), Tabatinga (AM), Tangará da Serra (MT) e Uiramutã (RR). As atividades promoveram o debate sobre soluções inovadoras para desafios ambientais e sociais enfrentados na região, além de estreitar as relações entre as comunidades.

Em Cacoal, o encontro aconteceu na Aldeia Gapgir, da Nação PAITER, que há dois anos passou a contar com acesso à Internet. A conversa abordou o uso da tecnologia como caminho para o diálogo com o governo e a preservação da floresta. “Os jovens indígenas buscam cada vez mais a tecnologia. Já temos demandas para continuar discutindo sobre essas tecnologias colaborativas e seu papel na sociedade indígena como instrumento de luta para dialogar com o governo e outras esferas de poder”, destacou Alexandra Borba Suruí, organizadora do evento.

Saiba mais sobre os eventos

Um mutirão virtual para construir códigos 

Em outra frente de atuação, uma “força-tarefa” conhecida como “sprint” foi realizada de forma virtual para contribuir ativamente com o Querido Diário. Este projeto de inovação cívica da OKBR busca tornar as informações de diários oficiais dos municípios brasileiros mais acessíveis e amigáveis. Durante o encontro, que reuniu 12 pessoas, foi possível atuar conjuntamente na resolução de questões para aprimorar a plataforma. Como resultado, 16 novos municípios do Maranhão, sendo 12 da Amazônia Legal, foram incluídos no Querido Diário.

A expansão da cobertura de cidades amazônicas pela plataforma possibilita o acesso a mais informações sobre a gestão dos municípios acerca do bioma amazônico e outras políticas públicas — uma ferramenta fundamental para a ação climática, pesquisa e cobertura jornalística da região. Hoje, dos 90 municípios disponíveis para busca na plataforma, 25 estão na região da Amazônia Legal, abarcando uma população de 6,7 milhões de pessoas.

Os doze municípios do Maranhão que fazem parte da Amazônia Legal incluídos na plataforma são: Axixá, Bacurituba, Boa Vista do Gurupi, Centro do Guilherme, Coroatá, Feira Nova do Maranhão, Maranhãozinho, Nina Rodrigues, São José dos Basílios, São Vicente Ferrer, Viana e Zé Doca. E os outros quatro são: Afonso Cunha, Bacuri, Duque Bacelar e Milagres do Maranhão.

Na avaliação de Giulio Carvalho, coordenador de Inovação Cívica da OKBR, todas essas atividades têm sido essenciais para introduzir pessoas a projetos de código e dados abertos e a manter a comunidade do Querido Diário vibrante e diversa. “Em poucos dias, pessoas recém-chegadas no projeto integraram uma dúzia de cidades da Amazônia Legal e construíram as bases para que em breve dezenas de outras sejam integradas”, comemorou.

Veja como foi a Sprint