No último dia 26 de abril, aconteceu em São Paulo o “Edit-a-thon das Minas”, uma maratona de edição das páginas na Wikipédia de grandes mulheres. Por volta de 30 pessoas participaram do evento, que ocorreu no espaço Lab89 e teve 8 horas de duração.
O encontro tinha dois objetivos: promover a ferramenta Wikipédia entre mulheres e aumentar o conteúdo disponível sobre mulheres incríveis. Isso quem nos conta é Luciana Galastri, em seu detalhado relato para a Revista Galileu. De acordo com ela, por haver muito mais editores que editoras na Wikipédia, certos assuntos são privilegiados em detrimento de outros.
Maratonas como essa são ótimas formas de se reunir comunidades de interesse. Organizar o Edit-a-thon das Minas parece ter sido um esforço compartilhado, agradável e de baixo custo. A disposição dos participantes e o sorriso das organizadoras são evidências disso: havia espírito colaborativo dentro e fora da Wikipédia.
Destaco a participação de algumas redes e entidades durante o evento. Afinal, militantes dos dados abertos, do software livre, da mídia independente e da cultura popular construíram juntos este encontro. A Internet conecta pautas distintas e, com isso, ser ativista é cada vez mais militar transversalmente por ideais que se completam.
Integrações
Think Olga: rede virtual organizadora do Edit-a-thon das Minas. Segundo sua auto-descrição, “um think tank dedicado a elevar o nível da discussão sobre feminilidade nos dias de hoje”. Também partiu da Olga a campanha e o mapa colaborativo Chega de Fiu Fiu, contra o assédio sexual a mulheres em espaços públicos.
Wikimedia: o Programa Catalisador do Brasil e sobretudo a comunidade Wikimedia e seus voluntários também apoiaram o evento. Promoveram um workshop de edição no início e auxiliaram os novos editores durante o restante do dia. A Wikimedia é uma entidade filantrópica, sem fins lucrativos, de incentivo a produção, desenvolvimento e distribuição de conteúdo livre, que opera projetos colaborativos, tais como a própria Wikipedia.
Cinese: plataforma de crowdlearning que promoveu o Edit-a-thon das Minas, criada por quem acredita “em um aprendizado livre, coletivo e acessível”. Tem por objetivo facilitar “encontros entre pessoas cheias de vontade de dividir seus conhecimentos, habilidades e experiências”, o que já realizou mais de 400 vezes.
Lab89: espaço onde o evento ocorreu, gerido por uma rede descentralizada e não-hierárquica. Qualquer pessoa pode entrar a qualquer hora no local, fazer uma cópia da chave e utilizá-lo em suas próprias atividades. Seu financiamento é colaborativo, espontâneo e pode ser feito tanto presencialmente ou via BitCoins.
TVT: rede de televisão aberta que produziu uma reportagem sobre o evento. Sua transmissão é online ou pelo canal 46 UHF. É a primeira emissora de televisão outorgada a um sindicato de trabalhadores, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Opera desde 2010 e luta por maior espaço nas frequências abertas.
Sempre que grupos virtuais se encontram presencialmente, a motivação de seus participantes aumenta. O contato inter-pessoal é chave para gerar estímulos e faiscar novas ideias. Destaco que o Edit-a-thon das Minas foi um marco importante na associação dos feminismos com o conhecimento livre e colaborativo no Brasil. Que seja o primeiro de muitos!
Na verdade, este não foi o primeiro edit-a-thon dedicado ao tema. Em 2 de março de 2013, uma série de atividades dedicadas a melhorar verbetes da Wikipédia sobre mulheres foram desenvolvidas. O evento ocorreu em São Paulo em comemoração antecipada do Dia Internacional da Mulher, onde um dos organizadores foi o Tom, aqui da Open Knowledge Brasil.
As fotografias utilizadas neste post são de autoria de Marília Moschkovich, socióloga, feminista e blogueira. A licença de distribuição deste material é CC-BY-SA.